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25/08/2010

Como o mal gera o mal



Um eremita caminhava por um lugar deserto quando chegou a uma gruta enorme cuja entrada não era facilmente visível. Decidiu descansar dentro dela, e entrou. Logo notou o brilhante reflexo da luz sobre um monte de ouro.
Assim que tomou consciência do que tinha visto, o eremita começou a correr, fugindo o mais depressa que pôde.
Havia três ladrões que passavam muito tempo naquele ponto do deserto com a intenção de roubar viajantes. Pouco depois, o homem piedoso passou por eles. Os ladrões se surpreenderam, alarmaram-se até, vendo o homem correndo sem que ninguém o perseguisse. Saíram do seu esconderijo e o detiveram, perguntando-lhe o que estava acontecendo.
— Estou fugindo, irmãos — disse. – A morte está me perseguindo.
Os bandidos não conseguiram ver ninguém perseguindo o devoto.
— Mostra-nos quem está atrás de ti — disseram.
— Eu o farei — falou o eremita, com medo deles.
Levou-os em direção à gruta, rogando-lhes que não se aproximassem dela. Os ladrões ficaram curiosos com a advertência e insistiram em ver o motivo de tanto alarme.
— Aqui está a morte que me perseguia — disse o ermitão.
Os malfeitores, é claro, ficaram encantados. Evidentemente consideraram o eremita meio louco e o deixaram ir, enquanto se felicitavam por sua boa sorte.
Em seguida começaram a discutir sobre o que deveriam fazer com a presa, pois tinham receio de deixar o tesouro novamente só. Decidiram, por fim, que um deles apanharia um pouco do ouro e iria à cidade, onde o trocaria por comida e outras coisas necessárias. Depois procederiam à divisão.
Um dos ladrões se apresentou voluntariamente para realizar a missão. Pensou consigo mesmo: "Quando chegar à cidade poderia comer tudo o que quiser. Depois envenenarei o resto da comida. Assim os outros dois morrem e o tesouro será só meu".
Na sua ausência, porém, os outros dois também tinham estado pensando.
Tinham decidido que, mal o espertalhão regressasse, o matariam. Depois comeriam sua comida e dividiriam o tesouro em duas partes, em vez de três.
No momento em que o pilantra chegou à gruta com as provisões, os outros dois caíram sobre ele a punhaladas e o mataram. A seguir, comeram toda a comida, e morreram por causa do veneno que seu companheiro havia posto nela.
Dessa maneira, o ouro realmente tinha significado a morte — como o eremita predissera — para os que se tinham deixado influenciar por ele, e o tesouro permaneceu onde estava, na gruta, por muito tempo.