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07/04/2009

O gaio que se revestiu das penas do pavão


De certo pavão na muda
Um gaio as penas tomou,
E a roupagem cambiante
Ao próprio corpo adaptou.

Foi, depois, fazer figura,
A pimpar entre os pavões.
Conhecido — ei-lo enxotado,
A bicadas e empuxões.

Foge, entre vaia estrondosa,
Corrido, ludibriado;
Leva o corpo em carne viva,
Pelos pavões depenado.

Buscando asilo e refúgio
Entre os gaios, sem iguais,
Foi repelido a assobios
E gargalhadas gerais.

Gaios bípedes conheço
Que não são imaginários;
Usurpam alheias penas
E se chamam plagiários.

Mas, chíton! Não é meu fito
Apontar os impostores!
Entre os pavões são notórios
Os gaios usurpadores.


Barão de Paranapiacaba (Trad.)