( 391x375 , 253kb)


03/02/2009

O vinho de Maomé

Diz a lenda que certo dia, quando Maomé se sentara à mesa para almoçar, alguém quis agradá-lo colocando à sua frente uma grande taça de ouro cheia de vinho. Ao perceber o que aconteceria, o vinho pensou entusiasmado:- Oh, quanta honra para mim! Que dirão os meus quando souberem que tive a glória de fazer parte da refeição de Maomé!

Mas logo em seguida um outro pensamento lhe ocorreu:

- Onde é que estou com a cabeça? Que honra é essa? De qual glória estou falando? Por que estou satisfeito, se o que chegou, na verdade, foi a hora da minha morte? A qualquer momento vou entrar na caverna escura de um corpo humano, e uma vez lá dentro, o que vai me acontecer? Deixarei de ser o vinho doce e perfumado que deleita tanta gente fina e de bom gosto, para me transformar em água, só água, igual a milhões, e milhões, e milhões de outras águas que jazem obscuras em qualquer depressão perdida no pedaço de chão mais desconhecido do planeta. Oh, céus! Que se faça justiça! Que alguém me vingue por essa ofensa imperdoável! Não é justo que os homens me desprezem dessa forma, porque eu não fui feito para isso! Júpiter, meu pai Júpiter, mesmo que esta terra produza as melhores e mais lindas uvas do mundo, fazei com que elas não mais se transformem em vinho!

Júpiter ouviu a prece feita pelo vinho e decidiu atendê-lo. Assim, quando Maomé bebeu o que a taça de ouro continha, todos os vapores do vinho lhe subiram à cabeça, e por isso ele saiu de seu estado natural e passou a fazer coisas que normalmente não faria. Quando finalmente voltou ao normal, e lhe contaram o que havia acontecido, Maomé proibiu a seus seguidores o uso do vinho, e daí em diante a vinha, com suas frutas saborosas, foi deixada em paz por eles.



Moral da história: Versos antigos já diziam que o álcool não é amigo do homem, porque primeiro ele desce pra barriga, mas depois sobre pra cabeça.


Baseado em uma fábula de Leonardo da Vinci.