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02/08/2008

A Bela Zumúrrod e Ali Char


Conta-se, ó afortunado rei, que vivia certa vez, nos tempos antigos, um rico mercador de Khorassan chamado Majd, o Glorioso. E ele tinha um filho mais belo que a lua, chamado Ali Char. Um dia, o mercador, carregado de anos e pressentindo a chegada da morte, chamou o filho e disse-lhe: "Meu filho, o fim de meus dias está à vista. Queria, pois, fazer-te algumas recomendações." Ali Char respondeu com lágrimas nos olhos: "Por favor, fala, meu pai." - Recomendo-te que não cries laço algum com o mundo. Pois este mundo é como uma fornalha. Se não te queima com seu fogo e não te cega com suas faíscas, com certeza sufocar-te-á com sua fumaça. Um poeta disse: Aquele com o afeto do qual gostarias de contar não existe. Como não existe o amigo que te ampare quando o destino te antagoniza. Yve, pois, sozinho, e não confies em ninguém. Tal é meu conselho. Não tenho outro. Ouvindo essas palavras, Ali Char respondeu: "Pai, obedecer-te-ei em tudo e farei o que me recomendas." O moribundo acrescentou: "Nunca desprezes os conselhos dos que têm mais experiência que tu e nunca bebas vinho, pois ele te rouba o miolo e faz de ti um objeto de escárnio para os outros."
- Tens mais recomendações a dirigir-me, amado pai?
- Meu filho, lembra-te de que os homens são três: o homem inteligente reflecte e só depois age; o sábio reflecte e, antes de agir, consulta; o tolo age sem reflectir e sem consultar. "Faze o bem sempre que puderes. Mas não esperes ser pago de volta, nem com favores nem com gratidão. E não desperdices as riquezas que te deixo. Nada inspira respeito como as riquezas que os homens têm. Um poeta disse: Quando meu dinheiro é pouco, meus amigos são mais raros ainda. Quando me torno rico, todos os homens declaram-se meus irmãos. Quantos inimigos me procuram por causa de minha riqueza. E quantos amigos fogem de mim por causa de minha pobreza. "Finalmente, lembra-te da sábia recomendação de Malek Ibn Dinar: "Se quiseres salvar a tua alma, desobedece-lhe; se quiseres perdê-la, obedece-lhe." Com essas palavras, o santo homem entregou a alma a Deus. Durante um ano, Ali Char continuou o comércio do pai e seguiu-lhe os conselhos. Mas passado esse prazo, deixou-se levar pelos impudicos mancebos filhos de meretrizes e pelos adulterinos sem vergonha, e começou a frequentar-lhes as mães e as irmãs, afundando-se cada vez mais na depravação. Raciocinava que devia gastar a fortuna deixada pelo pai, se não quisesse deixá-la a outros por sua vez. Abusou tanto que acabou por vender sua loja, a casa, os móveis e até a própria roupa. Então, lembrou-se das últimas palavras do pai, pois todos os amigos que tinham aproveitado assiduamente seus gastos, desculparam-se, um após o outro, de não atender a seus apelos. E o dia chegou em que teve que mendigar o pão de porta em porta, e descobriu que o túmulo é uma morada mais confortável que a pobreza.
Enquanto andava certa vez na rua, viu um ajuntamento de compradores, vendedores, corretores em volta de uma escrava branca de elegante e formosa aparência. Media cinco pés de altura, tinha rosas no lugar das faces, seios arredondados e um traseiro de acender o fogo da cobiça em qualquer homem. Ali Char ficou deslumbrado. Esqueceu sua miséria e misturou-se com os mercadores, os quais, ignorando ainda a sua situação, pensavam que vinha comprar a escrava com as riquezas herdadas do pai. O pregoeiro tomou lugar ao lado da escrava e bradou por cima daquele mar de cabeças: `aproximai-vos, meus senhores , cidadãos, homens do deserto. Eis aqui a rainha das luas, a pérola das pérolas, a nobre e casta virgem Zumúrrod, jardim cheio de flores, fonte de todas as volúpias. Abri o leilão!" ` Abro com quinhentos dinares", gritou um mercador. Outro gritou: "E dez." Então, um comerciante velho, disforme e horrendo, chamado Rachid Addim, esbravejou: "E cem!" Mas quando uma voz superou-lhe a oferta, dizendo: "E dez", o velho bradou: "Mil dinares!" Os outros candidatos permaneceram em silêncio. O leiloeiro virou-se para o proprietário da escrava e perguntou-lhe se achava a oferta de Rachid Addim satisfatória. Respondeu: "Acho-a satisfatória. Mas jurei não vender esta escrava senão com seu consentimento."
Consultada, a bela Zumúrrod olhou o velho com desdém e repetiu os versos do poeta: Não gosto de cabelo branco. Passarei a vida mastigando algodão? "Por Alá, tens razão de recusar, disse o pregoeiro a Zumúrrod. Mil dinares nada são. Tu vales pelo menos 10 mil dinares." Acrescentou: "Esta adolescente não é somente mais bela que a lua. Eu fiquei surpreso ao descobrir tudo o que ela sabe fazer: sabe escrever com sete canetas. Conhece a arte de bordar; e qualquer tapete que lhe sai das mãos vale cinqüenta dinares no mercado. Além disso, conhece milhares de poemas." Depois, perguntou aos licitantes: "Ninguém quer levar esta pérola pelo preço oferecido?" "Eu," gritou uma voz. Zumúrrod olhou para o dono da voz e viu que, embora não fosse muito feio, tinha a barba pintada para fazê-lo parecer mais jovem. "Vergonha!" gritou a escrava, e disse ao pretendente: Mudas de barba como mudas de cara, tomando-te um verdadeiro espantalho? À tua vista, qualquer mulher grávida abortaria.
Outro licitante aceitou o preço. Olhando-o, Zumúrrod verificou que tinha um só olho, e desatou a rir. Depois, perguntou-lhe: "Não conheces a charada do zarolho? Ei-la: Conta-me se puderes a diferença entre um mentiroso e um zarolho. Não podes? Não te censuro. Pois não existe entre eles diferença alguma. O pregoeiro disse então a Zumúrrod: "Querida ama, olha para todos esses candidatos e dize-me qual deles te agrada para que te ofereça a ele." Quando o olhar da moça caiu sobre Ali Char, sentiu-se atraída por um violento desejo, pois ele era belo. Indicou-o ao leiloeiro. Disse o leiloeiro a Ali Char: "Grande é tua sorte de adquirir este tesouro pela centésima parte de seu valor real." Ali Char inclinou a cabeça, rindo à ironia do destino: "Pensam que sou bastante rico para comprar esta escrava, quando não possuo dinheiro suficiente para comprar um pedaço de pão." Zumúrrod sentiu-o embaraçado e adivinhou sua pobreza. Aproximou-se dele e entregou-lhe discretamente mil dinares. Com eles, Ali Char comprou a bela escrava e levou-a. Zumúrrod não se surpreendeu ao ver a pequena e miserável casa onde seu dono morava. Deu-lhe mais mil dinares e disse-lhe: "Corre ao mercado e compra tudo que nos é necessário em móveis e alimentos. Compra também uma peça de seda de Damasco, carretéis de fios de sete cores diferentes, agulhas e um dedal de ouro." Quando Ali Char voltou, Zumúrrod preparou o almoço, mobiliou a casa e, em pouco tempo, teceu um belíssimo tapete que encarregou Ali Char de vender, "por um preço não inferior a cinqüenta dinares." Acrescentou: "Vende-o a qualquer mercador estabelecido, mas não a alguém de passagem; pois serias então a causa de nossa separação. Nós temos inimigos que nos espreitam." Viveram assim um ano inteiro, unidos e felizes. Certa manhã do ano seguinte, Ali Char deixou a casa com mais um tapete tecido por Zumúrrod e foi ao mercado para entregá-lo a um pregoeiro. Mas um cristão passou por lá, um desses indivíduos que pululam na entrada dos mercados e assediam os clientes com ofertas desonestas. Aproximou-se de Ali Char e ofereceu comprar-lhe o tapete diretamente, sem a interferência do pregoeiro, por cem dinares. Ali Char caiu na tentação, vendeu o tapete por cem dinares, mas voltou para casa preocupado e incomodado por apreensões. No caminho da volta, reparou que o cristão o estava seguindo. "Por que me segues, maldito cristão?" - Ó meu mestre, é inteiramente por acaso que estou aqui. Mais já que te encontro, deixa-me pedir-te um gole de água. Estou sofrendo de sede. "Por Alá", pensou Ali Char, "não será dito que um muçulmano negou um pouco de água a um cão raivoso." Mas o cristão, em vez de esperar à porta, insinuou-se para dentro da casa. Gritou-lhe Ali Char: "O que estás fazendo, ó cachorro, filho de cachorro? Como ousas entrar na minha casa sem minha permissão?" O cristão desculpou-se e prometeu sair assim que tivesse tomado a água. Mas ficou lá após beber e disse a Ali Char: "Estou vendo que és caridoso e generoso, meu mestre, e não te assemelhas àquela gente descrita pelo poeta neste versos: Já se foram os generosos Cujas mãos eram rios e mares. Agora, o mundo todo pratica a avareza, dizendo: "Deves pagar" quando um faminto pede um pedaço de pão. Obedecendo às tradições de hospitalidade de seu povo, Ali Char ofereceu ao cristão diversas iguarias, e este exclamou: "Que liberalidade, meu mestre! Há aqui comida para dez pessoas." Depois, apanhou uma banana e, aproveitando a distração do anfitrião, injetou nela uma dose de benj capaz de anestesiar um elefante, e ofereceu-a a Ali Char com palavras hipócritas sobre as boas relações entre hóspede e anfitrião. Mal havia Ali Char engolido a banana, perdeu os sentidos. O cristão fez sinal a seus cúmplices que esperavam na rua e, juntos, seqüestraram Zumúrrod. Tentaram, primeiro, convencê-la a renegar sua religião e abraçar o cristianismo. Diante de sua recusa, estenderam-na no chão e bateram nela. Mas, a cada golpe, ela respondia: "Não há Deus senão Alá, e Maomé é o mensageiro de Alá." Por fim, levaram na e foram embora. Quando os vapores do benj se haviam dissipado, Ali Char levantou-se e, não encontrando Zumúrrod, deu-se conta, tarde demais, de sua imprudência. Desesperado, saiu pelas ruas chorando e gemendo. Uma boa mulher deteve-o e perguntou-lhe quando havia perdido a razão. Respondeu com os versos do poeta: Minha doença é a ausência da amada. Ó médico, não consultes nem perguntes. Traze-a de volta E estarei curado na hora. A velha compreendeu e ofereceu-se para ajudá-lo a encontrar a amada. Pediu-lhe um cesto de mascate cheio de bugigangas que ela iria oferecer de porta em porta nas casas e haréns e assim tentar descobrir o paradeiro de Zumúrrod. Ali Char chorou de alegria e, após beijar a mão da venerável mulher, correu a comprar-lhe o que precisava. E ela, disfarçada em vendedora ambulante, passou de casa em casa, oferecendo suas mercadorias. Na casa de um cristão que fingia ser muçulmano, viu uma mulher estendida sobre uma esteira. Pela descrição que Ali Char lhe fizera de Zumúrrod, concluiu que era ela. Conseguiu aproximar-se e, certificando-se que era mesmo Zumúrrod, acertou com ela um plano de fuga para aquela mesma noite. Quis o destino que, naquela noite, um audacioso ladrão estivesse rondando a mesma casa para assaltá-la. Quando Zumúrrod saiu com a velha, o ladrão pôs a mão sobre ela e levou-a. Aterrorizada, perguntou-lhe quem ele era. Respondeu: "Sou Ionan o Curdo, da quadrilha de Ahmed Danaf. Somos quarenta, todos robustos e perversos. Há muito tempo não vemos carne fresca. Assim, a noite de amanhã será a mais abençoada de tua vida, pois todos montaremos em ti e rebolaremos entre tuas pernas até o sol raiar." Zumúrrod percebeu todo o horror da situação, mas confiou em Alá e se deixou levar. Na gruta dos ladrões, Ionan chamou a mãe. uma velha que cuidava do serviço doméstico, e entregou-lhe a jovem, dizendo: "Trata bem esta gazela. Vou cuidar de alguns assuntos, e, amanhã à tarde virei com meus camaradas para montar nela." Uma vez a sós, virou-se a velha para Zumúrrod e disse-lhe: "Minha filha, que felicidade para ti! Vais ser furada por quarenta homens vigorosos. Por Alá, tens a sorte de ser jovem e apetitosa." Zumúrrod não respondeu, mas pensou: "Nunca me deixarei furar por esses quarenta ladrões lascivos que me encherão de esperma como um navio à deriva." E arquitetou um plano. Na manhã seguinte, mostrou-se despreocupada e alegre, e disse à velha: "Que havemos de fazer para passar o tempo? Não queres vir comigo ao sol, minha boa mãe, e deixar-me catar os piolhos de tua cabeça e alisar-te o cabelo? A velha, que não conhecia tais cuidados havia anos, ficou encantada e seguiu Zumúrrod. Vencendo o nojo, esta pôs-se a catar aos punhados os piolhos de toda espécie que enchiam a cabeça da velha e, depois, penteou-lhe vagarosamente o cabelo de tal modo que a velha foi invadida por um delicioso torpor e adormeceu. Sem perder tempo, Zumúrrod entrou na gruta, vestiu-se de homem, envolveu a cabeça num lindo turbante, montou um cavalo e se foi, galopando. Dois dias depois, chegou às portas de uma cidade onde uma multidão soltou gritos de alegria ao vê-la. Emires, chefes militares, notáveis, prosternaram-se diante dela, gritando: "Viva o nosso novo sultão!" Não compreendendo o que se passava, Zumúrrod interrogou um dos emires e ouviu-o dizer-lhe: "É tradição em nossa cidade que, quando o rei morre sem deixar herdeiros, reunamo-nos neste lugar e aguardemos. O primeiro homem a chegar, coroamo-lo rei, seja ele um mendigo ou um príncipe. Nossa sorte é ter desta vez um rei tão jovem, belo e de nobre aparência." Zumúrrod, que tinha a mente fértil em recursos, acolheu a notícia com serenidade, e disse: " Ó meus fiéis súditos, não penseis que sou algum turco de baixa extração. Sou o herdeiro de uma família nobre e rica, percorrendo o mundo em busca de divertimentos. Aceito ser vosso rei." Depois, iniciou seu reinado abrindo os cofres públicos; fez liberalidades aos soldados e aos pobres, ofereceu vestes honoríacas aos dignitários, cumulou com favores eunucos e serventes. Aboliu a maioria dos impostos e corrigiu muitos abusos. Foi adorada por todos. Passou assim um ano feliz, porém nunca esqueceu Ali Char. Cantava: Minha saudade de ti renova-se todas as manhãs, e as lágrimas nunca abandonam meus olhos. A separação é dura para quem ama. Aproveitando o primeiro aniversário de seu reinado, concebeu um plano capaz de reuni-la um dia com seu amado se ele por acaso visitasse a cidade. Decidiu oferecer uma vez por mês um banquete real a todos os estrangeiros em visita a seu reino. O comparecimento era obrigatório. Quem faltasse seria enforcado. E um dia, Ali Char veio a um desses banquetes. Ela o reconheceu, mas ele não a reconheceu. Dominou suas emoções e perguntou-lhe: "Qual é o teu nome, ó moço amável, e que vieste fazer em nossa cidade?" - Ó afortunado rei, meu nome é Ali Char, filho de Majd. Meu pai era um mercador na terra de Khorassan. Continuei seu comércio, mas depois fui vítima de uma grande desgraça. Gente perversa raptou a mulher que amo. Percorro o mundo à sua procura. Foi assim que visitei esta cidade. Minha amada é mais bela que a luz. Todos os dias dirijo a seu espírito estes versos do poeta, esperando que um dia, seu espírito me ouça. Se o Nilo tivesse a abundância de minhas lágrimas, não deixaria no mundo terra seca. Transbordaria sobre o Hijaz, o Egito, o Iraque E todo o Oriente Médio. Sê, portanto, compassiva, ó amada, e dize-me depressa a data do encontro. Zumúrrod mandou seus eunucos trazer a mesa de areia divinatória e a caneta de cobre. Quando os recebeu, desenhou figuras e hieróglifos, refletiu uma hora, depois declarou: "Ó A1i Char, olho de Majd, a areia confirmou tua história. Falaste a verdade. Confirma também que teus apelos foram ouvidos. Breve, Alá te devolverá a mulher que amas. Deu ordens então á seus escravos para levarem Ali Char ao hammam, vesti-lo como vestes reais e reconduzi-lo a sua presença ao cair da noite. O povo, informado desses fatos pela tagarelice dos servidores, começou a conjeturar sobre os motivos que levariam o rei a tratar aquele moço bonito com tanto carinho e a recebê-lo em seu aposento à noite. Na hora marcada, Zumúrrod tirou a roupa, vestiu uma simples camisola de seda, fechou as cortinas, estendeu-se num sofá e deu ordens para introduzir Ali Char.
Quando este entrou, disse-lhe: `Amável jovem, aproxima-te de mim." Tomou-o pela mão e disse lhe: "Sabes que me agradas muito? Por favor, inclina-te e esfrega-me os pés."Ali Char o fez. E o rei disse: `:Agora esfrega-me as pernas e as coxas. Ali Char admirou-se de que as pernas e coxas do rei fossem tão claras e macias. - Agradável jovem, disse o rei, tuas mãos são bem hábeis. Sobe até meu umbigo. Depois, mandou Ali Char abaixar as calças e estender-se sobre o estômago. E o rei cobriu-o, mas Ali Char não sentiu nada furá-lo. Disse o rei: "Deves saber, querido Ali Char, que meu zib só se levanta quando manipulado com os dedos. Manipula-o..! dize adeus à vida." E Zumúrrod tomou a mão de Ali Char e depositou-a sobre a parte curva de sua mercadoria. Ali Char sentiu algo redondo e elevado e gordinho e quente e vibrante. Este rei tem uma entrada, pensou Ali Char com assombro. É a coisa mais prodigiosa de que já ouvi falar." Assim estimulado, seu zib superou as hesitações e levantou-se até os últimos limites da ereçcão. Era exatcamente o que Zumúrrod esperava. Desatou a rir disse a Ali Char: "Ainda não reconheceste tua escrava, ó meu amo?" Ali Char olhou o rei de mais perto e reconheceu sua amada. Tomou-a nos braços e abraçou-a com transportes vibrantes de alegria. E ela perguntou: "Ainda hesitas?" Pulou então sobre ela como um leão pula sobre uma ovelha. E abriu nela um túnel. Zumúrrod acompanhou-o com delírio, abaixando-se com ele, ondulando com ele, revolvendo com ele, respondendo a seus gritos com gemidos até que o barulho atraiu os eunucos. Levantaram as cortinas para ver se seu rei precisava de seus serviços, e viram com espanto o rei estendido sobre as costas e intimamente coberto pelo.jovem; mas nada disseram. Quando chegou a manhã, Zumúrrod envergou suas vestes reais e mandou reunir no pátio do palácio os vizires, chefes militares, notáveis e outros habitantes, e declarou: "Ó fiéis súditos, tendes meu consentimento para ir até a estrada onde, um dia, me encontrastes, buscar alguém para reinar sobre vós. Por mim, resolvi abdicar ao trono e ir viver no país deste adolescente que escolhi por amigo de meus dias." Os assistentes responderam:"Atenção e obediência!" E foram postar-se às portas da cidade à espera do primeiro homem que seria o novo rei. Por sua vez, os escravos de Zumúrrod correram a arrumar os preparativos da viagem: encheram caixas e caixas de provisões, vestuário, ouro, jóias. Zumúrrod e Ali Char subiram num palanquim , de veludo e brocado nas costas de um dromedário e, seguidos tão-somente por dois jovens eunucos, regressaram ao Khorassan, onde reencontraram sua casa e seus parentes. Distribuíram presentes e liberalidades e viveram felizes por muitos anos até a chegada da sombra malvada que separa os entes queridos e destrói o que se levou uma vida para construir. Glória a Alá que vive tranquilo de eternidade em eternidade!


Majnu Pining For Laila